[Mês da mulher] O show deve continuar

Segunda-feira, 16 de março de 2020. É inevitável que eu comente a situação que acontece do lado de fora desse nosso pequeno paraíso virtual. Sim, estamos vivendo uma situação nova, algo que vimos em livros de história mas que jamais imaginamos que chegaria tão perto de nós.

Mas chegou. Vivemos uma pandemia e ninguém sabe ao certo como isso vai terminar, ou em que estado vai estar o país e o mundo quando terminar.

Mas independente da catástrofe que se abate sobre nós, não podemos nos deixar morrer como sociedade. Não podemos perder a humanidade que conquistamos a duras penas. Precisamos manter viva a chama da arte e da cultura, mesmo que estejamos provisoriamente impedidos de estarmos fisicamente juntos.

Por favor, leitora e leitor, não permita que o medo te afaste da arte. Quem me acompanha sabe que sofro de depressão e esse movimento, esse medo, esse afastamento também tem sido difícil pra mim. Está difícil pra mim seguir a ação do mês da mulher como planejei no mês passado porque a realidade mudou, as atenções mudaram, os posts passaram a perder público e eu também estou assustada. Eu também estou abalada.

Mas vou seguir firme por aqui. O Bibliofilia vai continuar. A ação do mês da mulher vai continuar nem que me veja falando sozinha porque o registro fica e um dia as pessoas voltam. O show deve continuar porque no meio do caos a arte pode ser nossa única lembrança de civilização.

Peço que me ajudem. Que não sucumbam. Que tomem as precauções necessárias, que se cuidem mas que não abandonem esse e outros tantos espaços que não exigem contato físico, que não abandonem os artistas, que ninguém solte a mão de ninguém mesmo que agora precise ser metaforicamente.

O show deve continuar. E eu farei a minha parte. Mesmo já tendo me entregue ao desânimo dos dias sombrios que se aproximam.

Prestigiem os perfis de hoje. Valorizem. Ainda merecemos essa atenção.

CINTHIA KRIEMLER

Embora tenha publicado uma antologia de contos a qual foi também organizadora pela editora Penalux, Cinthia Kriemler acabou se tornando um dos maiores nomes da editora Patuá.

Carioca residente em Brasília, Cinthia tem pela editora paulista um total de 7 títulos lançados, o mais recente esse ano, que lhe rendeu um espaço na nova decoração da Patuscada, bar que pertence à editora.

Sua trajetória começou com o livro de crônicas “Do todo que me cerca”, seguindo para o livro de contos “Sob os escombros”. Em 2016 Cinthia figurou na lista de semifinalistas do Prêmio Oceanos com “Na escuridão não existe cor-de-rosa”, lançado no ano anterior. Já em 2018 foi a vez de ser finalista do Prêmio São Paulo de Literatura com o livro “Todos os abismos convidam para um mergulho”, romance de 2017 que inclusive foi o que eu li dela e recomendo MUITO.

Em seguida, Cinthia partiu para a poesia, lançando “Exercício de leitura de mulheres loucas”, que não li mas ouvi muitos elogios. Para essa temporada de premiações, Cinthia chega com “Tudo o que morde pede socorro” cuja resenha estava nos meus planos para esse mês, mas meus planos não previram que não daria tempo!

Seu mais recente lançamento é “O sêmen do rinoceronte branco”, que vem a se somar com a antologia citada no princípio, “Novena para pecar em paz” e publicações em diversas antologias e revistas literárias. Cinthia parece brincar com as palavras, faz poesia com prosa, faz do papel seu parque de diversões. Não à toa ela é querida e respeitada no meio literário.

CHRISTIANE ANGELOTTI

Christiane é tão apaixonada por palavras que levou a paixão para sua profissão. Não, ela não é jornalista ou pedagoga, nem se formou em Letras. Christiane é fonoaudióloga. E claro, como uma boa apaixonada por palavras (e histórias), é escritora.

Com especialização em Neurologia, Christiane é editora de livros de literatura, literatura infantojuvenil e educação (e sim, tenho total consciência que o começo da frase não tem absolutamente nada a ver com o resto).

Focada nos pequenos, trabalha desde 2002 com conteúdo para sites infantis, tendo textos publicados em livros didáticos e sites de educação, além de ser pesquisadora em infância e educação, o que a levou a fundar o portal Para Educar. Como se não bastasse, ainda é editora da Revista Gueto, frequentemente recomendada por mim nesse espaço devido ao seu altíssimo grau de qualidade.

CAMILA ASSAD

Camila Assad, mesmo com essa carinha que mais parece uma adolescente, já é uma escritora com um currículo respeitável.

Nascida em Presidente Prudente, Camila estudou Arquitetura e Urbanismo e se aventurou na poesia e na tradução, sendo autora de “Cumulonimbus”, “Eu não consigo parar de morrer” e “Desterro”, sendo este último contemplado pelo Prêmio PROAC, do Estado de São Paulo.

“Desterro” é a obra de Camila que tem resenha aqui no blog e da qual posso opinar; não me surpreendeu o conhecimento da autora em arquitetura na leitura da obra, já que ela constrói poesias como quem compõe uma obra arquitetura.

Seria quase como colocar esquinas, vigas e telhados em um poema. Faz sentido? Se não fizer, leia o livro, daí fará.

MICHELINY VERUNSCHK

Popularmente conhecida como “Onça”, Micheliny começou sua carreira de romancista já metendo o pé na porta; primeiro veio o Programa Petrobrás Cultural que garantiu a publicação de “Nossa Teresa – vida e morte de uma santa suicida” (tem resenha por aqui), depois desse mesmo livro vence o Prêmio São Paulo.

Mestre em Literatura e Crítica Literária, doutora em Comunicação e semiótica, Micheliny ainda é poeta e autora de diversas outras obras que estiveram no topo das premiações. Foi membro de vários corpos de jurados de concursos importantes como o Prêmio Jabuti e o Prêmio Sesc.

Também é certamente uma das recordistas em orelhas de livros de colegas. Inclusive foi assim que a conheci! Graaaau.

RAFAELA KAWASAKI

Rafaela Tavares Kawasaki nasceu no interior de São Paulo, mas viveu 14 anos, entre infância e adolescência, no Japão, onde inclusive descobriu a literatura.

Apesar de sua formação japonesa, em seu livro de estreia, a coletânea de contos “Enterrando Gatos”, a influência da cultura do país oriental não é perceptível. O livro, por sinal, tem resenha por aqui.

Jornalista graduada desde 2014, já atuou em redação de jornal diário, assessoria de imprensa e hoje seu trabalho, digamos, formal, é como social media em uma agência de Curitiba. Na literatura vem trabalhando em seu primeiro romance, sem previsão de lançamento.

Além deste projeto, Rafaela participa de ações experimentais de literatura, como o livreto “Contos de Esquina”, que reúne textos de participantes do laboratório de escrita do Sesc da Esquina. A coletânea tem lançamento previsto para a segunda metade de março, não temos a informação se será ou não mantida essa previsão com a ocorrência da epidemia.

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Por favor, não baixem as cortinas, não apaguem as luzes.

Não fechem os livros.

#Maya

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